Foto: Cezar Alves
O inverno no Estado, que acontece entre os meses de fevereiro a maio,
pode estar seriamente comprometido. O alerta nada animador para o homem
do campo é do setor de meteorologia da EMPARN – Empresa de Pesquisa
Agropecuária do RN, que acompanha a atuação do El Niño, que influencia
diretamente no clima em várias regiões no mundo.
O portal MOSSORÓ HOJE entrou em contato com o meteorologista Gilmar
Bistrot, da EMPARN, que fez uma previsão baseada na atuação do El Niño. O
fenômeno meteorológico encontra-se na categoria de maior intensidade, e
a região pode enfrentar o quinto ano seguido de estiagem. “Analisando
dados, podemos afirmar que o fenômeno voltou a intensificar anomalia
acima de 3 graus, o que pode trazer consequências como o aumento da
temperatura”, disse.
Bistrot acrescenta ainda que dados mais precisos sobre o inverno na
região só poderão ser analisados no mês de dezembro e início de janeiro,
e faz um alerta: “Os modelos de previsão, todos eles no período
chuvoso, podem trazer anomalias no Pacífico em torno de um grau e meio, e
isso comprometerá todo o período chuvoso”.
Os dados mostram que, as chuvas permanecerão abaixo da média, e que
mudanças neste cenário só dependerá do comportamento do Oceano
Atlântico. “Estamos aguardando o comportamento do Oceano que pode
acontecer alguns sistemas que trazem chuvas nesses meses, porém, não dá
para fazer uma previsão mais precisa. Se tiver alguma mudança, será por
conta do Atlântico que trará um cenário um pouco melhor em 2016”, frisou
Bistrot.
Colapso
A seca no Estado atinge diretamente mais de 150 municípios. Segundo
dados da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN),
são 17 municípios em colapso e outros 76 estão recebendo água em um
sistema de rodízio.
Situação da Lagoa do Piató preocupa a população do Vale do Açu (Foto: Cezar Alves)
A questão se agrava por conta da baixa dos reservatórios do Estado, é o
caso da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que atualmente está com
24,88%, menos de 30% de sua capacidade total que é de 2,4 bilhões m/³.
A seca também preocupa o açude de Pau dos Ferros, que está abaixo de 1%
da capacidade. Já em Upanema, o nível baixo da barragem de Umari afeta
os pescadores da região. Em Acari, o nível do Açude Gargalheiras
registrou o volume mais baixo da história.
Ações
O Governo do Estado vem adotando medidas para tentar reduzir os efeitos
da seca. No dia 24 de setembro, o governador Robinson Faria assinou a
renovação do decreto de situação de emergência por mais 180 dias nos
municípios do Estado que sofrem com a estiagem prolongada.
Estão entre as medidas de enfretamento à seca, a ampliação do
abastecimento por carros pipa, utilização de forragem para alimentar os
animais, perfuração e instalação de poços, e o combate à praga
Conchonilha Carmin, que atinge a palma forrageira.
A Secretaria de Recursos Hídricos e Agricultura, prevê um o investimento
de R$ 64 milhões, oriundos do Ministério da Integração Nacional.
Já em Mossoró, as ações para amenizar os efeitos da estiagem na zona
rural terão início em dezembro. Governo do Estado irá atuar na
perfuração e limpeza de poços, construção de adutoras, além do conserto e
manutenção de dessalinizadores, como ações a serem feitas nas regiões
apontadas como prioritárias pela equipe da Prefeitura de Mossoró.
O município recebeu, no último dia 24, da Universidade Federal Rural do
Semiárido (Ufersa) a cessão de um poço profundo que atenderá mais de 600
famílias da zona rural. O equipamento, localizado na fazenda
experimental Rafael Fernandes, tem uma vazão de mais de três mil litros
cúbicos de água por hora.
Parceria entre Ufersa e Prefeitura garante abastecimento para 600 pessoas na zona rural (Foto: Raul Pereira)
Fonte: Mossoró Hoje
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