Acredite: a
iguaria não é mais gordurosa ou menos segura que os demais tipos de
carne. Em contrapartida, seus cortes magrinhos blindam o coração contra
doenças, turbinam a imunidade e constroem músculos
Texto: Leonardo Valle/ Foto: Danilo Tanaka/ Produção: Janaina Resende/ Adaptação: Letícia Maciel
Os cortes magros (lombo, tender, filé, pernil, paleta e costeleta) ajudam no combate do
mau colesterol
Foto: Danilo Tanaka
Um paradoxo envolve o consumo da carne de porco
no Brasil. Se, por um lado, somos o quarto maior produtor da iguaria no
mundo, perdendo apenas para Estados Unidos, União Europeia e China, seu
consumo é baixo do Oiapoque ao Chuí. Uma pesquisa da Universidade de
São Paulo (USP-Ribeirão Preto), apontou que o brasileiro consome cerca
de 13 quilos de carne de porco por ano – quantidade inferior ao consumo
das carnes de frango (37 quilos) e bovina (36 quilos). Algumas hipóteses
ajudam a explicar sua baixa popularidade, como o fato de o frango ser
mais barato. Entretanto, questões culturais ainda são o principal fator
que influenciam a preferência pelos cortes suínos. “As pessoas evitam a
carne de porco por considerá-la com alto teor de gorduras e transmissora
de doenças. Mas isso é coisa do passado”, garante Rafaela Ambrósio de
Lima, nutricionista clínica do Hospital Cruz Azul (SP).
Corte magro
A carne suína tem gordura insaturada (“boa”) e saturada (“ruim”). “A
primeira prevalece e ajuda a reduzir o mau colesterol (LDL), a pressão
arterial e o triglicérides. A segunda, eleva o risco de doenças
cardiovasculares”, diz Rafaela. Por outro lado os cortes magros não
deixam a desejar. É o caso do lombo, tender, filé, pernil, paleta e
costeleta. “Carne magra é a que contém menos de 10 g de gordura, menos
de 4,5 g de gordura saturada e menos de 95 mg de colesterol por porção
de 100 g”, diz Tamara Mazaracki, nutróloga da Associação Brasileira de
Nutrologia (ABRAN).
Novo perfil
Os cortes magros da carne de porco estão mais saudáveis do que há 15
anos. Uma pesquisa do USDA* mostrou que todos apresentaram redução de
16% de gorduras nesse período. No caso específico das gorduras
saturadas, a queda bateu a casa dos 30%. “Atualmente, este suíno é
alimentado com ração à base de soja e milho. Com isso, ganhou menos
gordura e maior presença de vitaminas e minerais”, explica Rafaela. Um
segundo diferencial é que a gordura do porco costuma se concentrar na
superfície da pele, sendo mais fácil de ser retirada com a faca durante o
preparo na cozinha. O oposto ocorre com a carne de vaca, cuja gordura
vem entrelaçada nas fibras do alimento. Quando em quantidade moderada,
aliás, não há por que temer as gorduras insaturadas. O nutriente exerce
funções específicas no organismo, como fornecer energia. “Ele também
ajuda na absorção de vitaminas lipossolúveis”, completa Cristina Simões
de Carvalho Tomasetti, coordenadora do curso de Nutrição da Universidade
Norte do Paraná (Unopar).
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