A ex-prefeita de Bom Jardim (MA), Lidiane Leite da Silva (sem partido),
obteve liminar da Justiça Federal para ter acesso às dependências da
prefeitura e secretarias do município e, desta forma, reassumir o cargo.
A decisão do juiz federal José Magno Linhares Moraes foi assinada nesta
segunda-feira (8).
De acordo com os autos, a ex-prefeita solicitou à Justiça a revogação da
sua proibição de acesso aos prédios municipais para reassumir o comando
do município após ter sido convocada em sessão extraordinária pelo
presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Arão Silva (PTC), para
tomar posse no cargo.
Na decisão, o magistrado destacou que "tendo sito alterada a situação
fatídica vivenciada pela requerente, a qual se encontra prestes a
exercer suas funções públicas ao cargo de prefeito, subscrito pelo
presidente da Câmara Municipal de Bom Jardim e prestando homenagem ao
princípio da razoabilidade, considero desnecessária a manutenção da
medida restritiva, ora impugnada". O juiz determinou que a Câmara de
Vereadores junte aos autos a documentação da posse de Lidiane em até
três dias.
O UOL tentou sem sucesso contato com Arão Silva e a defesa de Lidiane na noite desta segunda-feira (8).
Quase um ano afastada
Lidiane está afastada da prefeitura de Bom Jardim desde o dia 20 de
agosto de 2015, quando fugiu da cidade para não ser presa pela Polícia
Federal durante a operação Éden. Na ocasião, a polícia tentou cumprir
três mandados de prisão expedidos pela Justiça contra ela, contra o
ex-marido e ex-secretário de Assuntos Políticos, Humberto Dantas dos
Santos, e contra o ex-secretário de Agricultura, Antônio Gomes da Silva.
Santos e Silva foram presos, mas obtiveram habeas corpus no dia 25 de
setembro e respondem pelos crimes em liberdade. Já Lidiane ficou 39 dias
foragida até se entregar na superintendência da Polícia Federal de São
Luís no dia 28 de setembro. Ela atualmente usa tornozeleira eletrônica e
está respondendo aos processos em liberdade.
A vice-prefeita de Bom Jardim, Malrinete Gralhada (PMDB), assumiu
interinamente a administração municipal no dia 28 de setembro, seguindo
liminar da 2ª Vara da Comarca de Bom Jardim.
Desvios
O grupo foi denunciado pelo MPE (Ministério Público Estado) por desvio
de recursos no valor de R$ 15 milhões destinados à educação.
Investigações apontaram que os alunos das escolas municipais eram
dispensados mais cedo das aulas por falta de merenda.
Lidiane ficou conhecida por ostentar suposta riqueza em eventos na
cidade e nas redes sociais, posando para fotos de viagens, festas,
carros e roupas caras - em 2012, ao se candidatar à prefeitura, ela
declarou à Justiça Eleitoral que não possuía bens.
A defesa de Lidiane alegou que ela teria recursos próprios para
Justificar a vida de luxo e negou que ela usou qualquer recurso o
público em benefício próprio. O salário de R$ 12 mil que ela ganhava
enquanto prefeita, os bens deixados pelo ex-marido e um "namorado rico"
explicariam a mudança de status social dela.
Fonte: Aliny Gama, colaboração para o UOL
Foto: Reprodução Facebook
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