Em contato com o criadouro, os óleos matam as larvas em até 24 horas
Por Leo Rodrigues - Agência Brasil
Uma pesquisa da Pontifícia Universidade
Católica (PUC) de Minas Gerais e da Fundação Ezequiel Dias (Funed)
atestou a eficiência do uso dos óleos de orégano e de cravo para matar
as larvas do mosquito Aedes aegypti. O próximo passo do estudo será
desenvolver a fórmula para um larvicida, que será colocado à disposição
do mercado.
Em contato com o criadouro, os óleos
matam as larvas em até 24 horas. A pesquisadora Alzira Batista Cecílio
espera que até o meio do ano a formulação já esteja pronta para ser
apresentada à indústria. “Produto natural não pode ser patenteado.
Então, só após a formulação do larvicida, poderemos patentear e iniciar
as negociações com as empresas”, afirma.
O estudo é um desdobramento de outra
pesquisa mais ampla, que testa o uso de produtos naturais para combater
diversos tipos de vírus. “Nesse cenário preocupante em relação ao vírus
da dengue, nós decidimos começar a estudar também plantas que pudessem
eliminar o vetor”, acrescenta Alzira. Além da dengue, o mosquito Aedes
aegypti é o transmissor do vírus Zika e da febre chikungunya.
O orégano e o cravo foram selecionados
após análise de mais de 20 plantas. O óleo é extraído com o uso de
equipamentos específicos. Por essa razão, não adianta por exemplo
colocar folhas de orégano ou cravo nos vasos das plantas.
Neste momento, está sendo feito o estudo
fitoquímico, para detalhar a composição química dos óleos. Futuramente,
está previsto também o teste desses óleos no combate a outras fases da
vida do mosquito, o que pode levar ao desenvolvimento de um inseticida
aerosol ou um repelente. A pesquisadora alerta, porém, que esses
produtos são apenas ferramentas auxiliares para combater o Aedes.
“Eliminar os criadouros continua sendo o ponto chave”, reitera.
Larvicida degradável
Segundo Alzira Cecílio, o objetivo é
desenvolver um produto que não contamine o meio ambiente, já que a
maioria dos criadouros de larvas está espalhada. Elas podem ter contato
com animais e até água voltada para o consumo humano, como por exemplo
nas caixas d’água. “Queremos um larvicida que seja degradado rapidamente
e não contamine a água, ao mesmo tempo em que tenha boa eficácia. A
maioria dos larvicidas usados hoje exige algum cuidado na aplicação e
deixa a água com alguma toxicidade”, explica.
No mês passado, uma nota técnica da
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) gerou polêmica ao
criticar os larvicidas usados atualmente. O governo do Rio Grande do Sul
chegou a suspender o uso do Pyriproxifen, ao considerar que o produto
poderia estar relacionado à ocorrência de microcefalia em bebês. A
própria Abrasco negou que tenha colocado essa possibilidade em questão.
Em entrevista à Agência Brasil, o
coordenador do grupo de saúde e ambiente da Abrasco, Marclo Firpo,
explicou que foi um mal-entendido, mas reafirmou que a entidade é contra
o uso de agentes químicos na água potável e que danos à saúde
decorrentes desses produtos não estão descartados. “Consideramos um
contrassenso sanitário, um absurdo a colocação de veneno larvicida na
água potável”, disse.
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