Do g1
‘Não respeito um delator’, diz Dilma
Presidente
comentou nos EUA suposto depoimento do dono da UTC. Petista destacou que
foi legal doação de R$ 7,5 milhões da construtora.
A
presidente Dilma Rousseff afirmou ontem (29), em entrevista coletiva
nos Estados Unidos, que não respeita delatores. Indagada sobre as
supostas declarações do dono da UTC Ricardo Pessoa em depoimento de
delação premiada, a petista ressaltou que recebeu doação de R$ 7,5
milhões da empresa investigada na Operação Lava Jato, porém, disse que o
dinheiro foi repassado legalmente à sua campanha eleitoral no ano
passado.
Reportagem
publicada na edição deste fim de semana da revista “Veja” relaciona os
nomes de 18 políticos supostamente citados pelo dono da construtora UTC
como beneficiados com dinheiro oriundo do esquema de corrupção na
Petrobras.
O acordo de Pessoa foi homologado na última quarta-feira (24) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A petista
argumentou nesta segunda-feira que não respeita delatores porque foi
presa política durante o regime militar (1964-1985).
“Eu não
respeito um delator, até porque eu estive presa na ditadura e sei o que
é. Tentaram me transformar em delatora, a ditadura fazia isso com as
pessoas. Eu garanto para vocês: eu resisti bravamente e até em alguns
momentos fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem
de resistir porque, senão, você entrega. Não respeito nenhum, nenhuma
fala”, disse a presidente a repórteres em Nova York, onde se reuniu
nesta segunda com investidores norte-americanos.
Durante a
entrevista, Dilma garantiu que “nunca” se encontrou com Ricardo Pessoa e
que não o recebeu desde que assumiu a Presidência. Ao explicar que as
doações da UTC foram legais, a presidente ressaltou que não aceita e
“jamais” aceitará que “insinuem” qualquer irregularidade sobre ela ou
sobre sua campanha. “Se insinuam, têm interesses políticos”, enfatizou.
A petista
destacou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), seu adversário no segundo
turno da corrida presidencial de 2014, também recebeu contribuições da
construtora UTC. Segundo ela, a diferença de valores entre as doações
feitas pela empreiteira às campanha do PT e do PSDB foi “muito pequena”.
“A minha
campanha recebeu dinheiro legal, registrado, de R$ 7,5 milhões [da UTC].
Na mesma época que eu recebi os recursos, pelo menos uma das vezes, o
candidato que concorreu comigo recebeu também, com uma diferença muito
pequena de valores. Eu estou falando do Aécio Neves – até porque só teve
um candidato que concorreu comigo, estou falando do segundo turno”,
observou.
Dilma também
foi questionada sobre se pretende tomar providências em relação às
denúncias de Ricardo Pessoa. Segundo ela, se ele a citar nominalmente,
ela cogita processá-lo.
‘Vazamento seletivo’
No último
sábado, antes de embarcar para os Estados Unidos, a presidente convocou
os ministros Edinho Silva (Comunicação Social), Aloizio Mercadante (Casa
Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para reunião no Palácio da
Alvorada.
Tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, Edinho Silva confirmou, em entrevista após a reunião, que a UTC doou R$ 7,5 milhões à petista na eleição do ano passado. O ministro, no entanto, criticou o que chamou de “vazamento seletivo” da delação do empresário e disse que pediria ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso aos depoimentos do empresário.
Tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, Edinho Silva confirmou, em entrevista após a reunião, que a UTC doou R$ 7,5 milhões à petista na eleição do ano passado. O ministro, no entanto, criticou o que chamou de “vazamento seletivo” da delação do empresário e disse que pediria ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso aos depoimentos do empresário.
“Então, me
causa indignação que meu nome tenha sido envolvido em uma delação
premiada. Me causa indignação o vazamento seletivo desta delação e me
causa indignação a tese de criminalização das doações à nossa campanha”,
reclamou Edinho Silva na entrevista do último sábado.
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