Michel Temer termina o mandato? Confrontado com a pergunta numa
entrevista à RPN (Rede Paraibana de Notícias), Cássio Cunha Lima, líder
do PSDB no Senado, declarou: “Vai enfrentar uma dificuldade grande.”
Ouça aqui.
Ao longo da conversa, o senador disse que o Brasil vive “a mais grave e
profunda crise da história”, admitiu que o TSE pode passar o mandato de
Temer na lâmina e mencionou Cármen Lúcia, presidente do Supremo
Tribunal Federal como alternativa para a hipótese de o Congresso ter de
escolher um substituto em eleição indireta.
“A ministra Cármen Lúcia, que é, hoje, a presidente do Supremo, está na
linha sucessória, é a terceira na linha sucessória, é uma mulher cuja
honestidade e a probidade ninguém discute, que tem experiência, tem
capacidade e que poderia cumprir um período de transição. Quando você
olha dentro dos nomes da política partidiária, da chamada política
tradicional, talvez você tenha alguma dificuldade. É preciso pensar um
pouco mais largo.”
Cássio realçou que sempre defendeu a realização de nova eleição como
melhor alternative para superar a crise. Lamentou que o Tribunal
Superior Eleitoral não tenha concluído neste ano de 2016 o julgamento
das ações em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma Rousseff – Michel
Temer.
“Agora resta aguardar o julgamento da ação no TSE” em 2017”,
acrescentou. “Existem lá ações cujas acusações são bastante graves. A
defesa do presidente da República vai trazer como principal argumento a
separação das contas, o que fere um pouco a tradição e a jurisprudência
da Justiça Eleitoral. E esperamos que o país consiga atravessar essa
fase tão difícil, tão crítica.”
O senador pintou a conjuntura com cores fortes: “A crise não é uma crise
banal, não é uma crise comum, é a mais grave e profunda crise da
história do Brasil. Então, um pouco de estabilidade nesse processo não
fará mal de forma nenhuma. Vamos aguardar, portanto, a decisão do TSE
sobre os processos que lá tramitam.”
Perguntou-se a Cássio se FHC não seria um nome a ser cogitado numa
eventual eleição presidencial indireta. E ele: “A contribuição que o
presidente Fernando Henrique poderia ter dado ao Brasil já foi dada. Ele
próprio tem consciência de que não é o momento para que ele volte à
cena política. Até porque essa distância dele tem contribuído
parcialmente para a estabilidade do Brasil.”
Para Cássio, a sociedade não ficaria passiva diante de um desfecho pela
via indireta. “Se tivemos uma solução que tenha que vir pela Câmara dos
Deputados, haverá, naturalmente, uma ampla pressão popular para que
tenhamos um nome que corresponda a esses anseios de transformação e de
mudança que o povo brasileiro tem demonstrado de forma muito clara.”
Antes de citar o nome de Cármen Lúcia, o líder tucano traçou um perfil:
“Uma pessoa que tenha trajetória ilibada, competência, capacidade de
conciliação, experiência, honesta, trabalhadora.” Com tantos políticos
enrolados na Lava Jato, seria como encontrar “agulha no palheiro”, disse
uma das entrevistadoras. Foi nesse ponto que o senador mencionou a
presidente do Supremo como alternativa. “É preciso pensar um pouco mais
largo.”
O senador todas essas considerações num instante em que o PSDB negocia
com Michel Temer um reforço de sua participação no primeiro escalão do
governo. O deputado Antonio Imbassahy, que acaba de deixar a liderança
do PSDB na Câmara, deve ocupar a pasta que cuida da coordenação política
do Planalto.
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