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quarta-feira, 23 de março de 2016

Senado libera uso da ‘pílula do câncer’

Aprovação do uso da fosfoetanolamina foi recebida com críticas por entidades médicas


Por Estadão Conteúdo
Fosfoetanolamina sintética, substância que se apresenta com potencial para curar a doença (Foto: Divulgação)
Fosfoetanolamina sintética, substância que se apresenta com potencial para curar a doença (Foto: Divulgação)
Em menos de um minuto e sem qualquer discussão, o plenário do Senado aprovou na terça-feira, 22, o projeto de lei que libera o uso de fosfoetanolamina para pacientes diagnosticados com tumores malignos. Assim como na Câmara, o texto passou em votação simbólica entre os senadores, quando não há registro nominal de votos, e seguirá para a sanção da presidente Dilma Rousseff.
Mais cedo, o senador Ivo Cassol (PP-RO) apresentou um requerimento de urgência da proposta, o que aceleraria a sua apreciação pelo plenário. Um dos principais defensores da substância no Senado, Cassol disse que o pedido contava com o apoio de 80% dos líderes partidários. O pedido foi aprovado em plenário.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu a apreciação urgente do projeto pela necessidade de pacientes com câncer terem acesso ao componente químico. Na votação do mérito, ninguém se pronunciou – o Senado conta com dois ex-ministros da Justiça, o petista Humberto Costa (PE) e o tucano José Serra (SP).
Pelo texto votado, fica autorizado legalmente o uso da substância para pacientes que apresentem um laudo médico comprovando o diagnóstico da doença e assinem um termo de consentimento. O projeto diz que o uso voluntário da fosfoetanolamina não exclui o direito de acesso a outros tratamentos contra o câncer. Atualmente, o uso da substância é proibido e o remédio não é reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também não estão claros os efeitos da fosfoetanolamina nos pacientes.
A proposta aprovada permite a produção, importação, distribuição e prescrição “independentemente de registro sanitário, em caráter excepcional, enquanto estiverem em curso estudos clínicos” da substância. Somente agentes autorizados pelo governo poderão produzir e distribuir a pílula.
O Conselho Federal de Medicina, a Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica posicionaram-se contra a aprovação do projeto de lei, por ser “um risco à saúde pública”. As três entidades afirmaram, em nota, que a decisão dos parlamentares “faz o Brasil regredir décadas em sua escalada civilizatória”, pois eles “desprezaram a necessidade de realizar pesquisas clínicas” antes de liberar o medicamento. “É fácil entender que os pacientes com câncer e seus familiares percam as esperanças e passem a procurar soluções mágicas. Não podemos, porém, aceitar que as instituições também se curvem ao desespero e à irracionalidade”, escreveram.
O Ministério da Saúde não se manifestou. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou ver “com preocupação” a aprovação do projeto, já que a fosfoetanolamina não passou “pelos testes que garantem sua segurança e eficácia”.
Destacou que não há projeto protocolado para ensaios clínicos ou solicitação de registro da substância. Segundo a Anvisa, “liberar medicamentos que não passaram pelo crivo técnico seria colocar em risco a saúde da população e retirar a credibilidade da Anvisa e dos medicamentos fabricados no País”. (Colaborou Luísa Martins)

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