Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa na Operação Lava Jato
Por Estadão Conteúdo
Na sentença em que condenou Marcelo
Odebrecht, o juiz federal Sérgio Moro afirmou que a condenação do
empreiteiro não afasta a possibilidade de um acordo de delação premiada
dos executivos do grupo, nem seus benefícios. “Apesar dos recentes
boatos de possível negociação de acordo de colaboração pelos executivos
da Odebrecht, o fato não impede a prolação da sentença, nem de eventual
benefício superveniente”, afirmou o magistrado.
A reportagem apurou que defensores dos
executivos da Odebrecht chegaram a conversar com integrantes da
força-tarefa da Lava Jato, sem sucesso. Para a Polícia Federal e o
Ministério Público Federal, a confissão e a entrega de fatos novos sobre
o esquema de corrupção na Petrobras e em outras áreas do governo são
condição para o acordo.
Marcelo Odebrecht está preso
preventivamente desde 19 de junho de 2015. Em suas alegações finais no
processo, a defesa do presidente afastado do Grupo Odebrecht afirma que
Moro é suspeito por haver se utilizado da prisão provisória com o
intuito de constranger os investigados a formalizar acordo de
colaboração premiada.
Na sentença, o juiz diz que nenhum
delator foi coagido ilegalmente a colaborar. “A colaboração sempre é
voluntária ainda que não espontânea. Nunca houve qualquer coação ilegal
contra quem quer que seja da parte deste Juízo, do Ministério Público ou
da Polícia Federal.”
Com a decisão dessa terça-feira (8),
Marcelo Odebrecht é o sexto grande empreiteiro ou executivo ligado a
empreiteiras condenado na Lava Jato por Sérgio Moro. Até então, já
haviam sido condenados os membros ligados à cúpula das empresas Mendes
Junior, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e Camargo Corrêa. A maioria dos
executivos se afastou dos cargos após se tornar alvo da operação.
Dalton dos Santos Avancini,
ex-presidente da Camargo Corrêa, Ricardo Pessoa, dono da UTC, e Otávio
Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, já firmaram
acordos de delação premiada.
Eletronuclear
Otávio Azevedo e a empresa Andrade
Gutierrez firmaram também acordo de delação premiada e de leniência com a
força-tarefa do Ministério Público Federal que apura corrupção na
Eletronuclear, processo fatiado da Lava Jato, que tramita na 7ª Vara
Criminal da Justiça Federal do Rio.
Pela colaboração, o desembargador
Antônio Ivan Athié confirmou a substituição da prisão preventiva do
executivo pelo recolhimento domiciliar, que o réu cumpre desde 11 de
fevereiro por causa do acordo de delação no âmbito do Supremo Tribunal
Federal.
O magistrado determinou que Otávio
Azevedo deverá permanecer em casa, sem a necessidade de monitoramento
por tornozeleira eletrônica.
Athié ressaltou os compromissos
assumidos pela defesa do empresário de não reiteração de crimes na
delação, mesmo que ainda pendentes de homologação.
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