Do Estadão – A disputa pelas prefeituras e Câmaras Municipais em 2016
terá tantas regras novas que até as autoridades envolvidas no processo
preveem uma eleição de incertezas, como disse ao Estado o procurador
regional eleitoral de São Paulo, André Carvalho Ramos. São mudanças que
afetam os partidos, os políticos que querem disputar um mandato e também
o eleitor, e não só na hora de apertar o botão da urna eletrônica –
aquela possibilidade de volta à urna de papel era muito mais uma pressão
do Judiciário por mais orçamento e já foi descartada. Para entender
tudo que será diferente na disputa pelo voto em 2016, veja aqui uma
lista com as 8 principais mudanças nas regras eleitorais promovidas pelo
Congresso Nacional.
Doações de campanha:
Esta será a primeira eleição desde 1994 em que as empresas serão
proibidas de fazer doações eleitorais para partidos ou candidatos, por
serem consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Com
isso, as campanhas eleitorais deste ano devem ser financiadas
exclusivamente por contribuições de pessoas físicas e pelos recursos do
Fundo Partidário. Para os críticos da proibição às doações empresariais,
a medida deve aumentar o risco de caixa 2 nas campanhas. Para os
defensores da restrição, isso tende a baratear as campanhas e o
candidato terá de conquistar votos mais pelo debate político que pelo
marketing eleitoral.
Duração da campanha:
Uma das medidas de efeito mais concreto, com consequências positivas e
negativas, é a mudança na data de início oficial de campanha. Em vez de
90 dias, esse período foi reduzido pela metade e caiu para 45 dias. Em
2016, os candidatos e partidos só podem começar a pedir votos sem
restrições a partir de 16 de agosto. A eleição, como de costume, será
disputada no primeiro domingo de outubro – neste ano, no dia 2. A parte
boa dessa mudança é que, em tese, ela reduz o tempo de paralisação das
outras atividades políticas, como votações nos Legislativos. O ponto
negativo é que também se reduz o tempo para promoção de debates
eleitorais entre os candidatos.
Campanha antecipada:
Políticos poderão se apresentar como pré-candidatos sem que isso
configure propaganda eleitoral antecipada, desde que não haja pedido
explícito de voto. A nova regra está prevista na reforma, que também
permite que os pré-candidatos divulguem posições pessoais sobre questões
políticas e possam ter suas qualidades exaltadas, inclusive em redes
sociais ou em eventos com cobertura da imprensa. Nada disso era
permitido pela legislação anterior.
Propaganda no rádio e na TV:
Com campanha mais curta, o início da propaganda eleitoral gratuita no
rádio e na TV também foi atrasado, mas em menor proporção. Vão ser 35
dias de exibição das inserções e programas, 10 a menos que nas disputas
anteriores. O formato também mudou: serão dois blocos no rádio e na TV,
mas com 10 minutos de duração, e não mais 30 minutos. As inserções no
meio da programação das emissoras passam a ser de 30 ou 60 segundos –
antes, havia inserções também de 15 segundos, mais usadas para atacar
algum adversário que para pedir voto ao candidato propriamente dito. Se
você não vê a hora de começar (ou terminar) a propaganda eleitoral,
anote no seu calendário: os programas têm início em 26 de agosto e vão
até 29 de setembro.
Cavaletes nas ruas:
Para alegria dos pedestres (e dos ciclistas, motociclistas,
motoristas…), as novas regras proíbem a utilização de cavaletes nas ruas
e calçadas para fazer propaganda de partidos e candidatos. Até a
campanha passada, o uso era permitido, desde que os comitês se
responsabilizassem pelas peças. Na prática, muito partido e candidato
“esquecia” os cavaletes, sem falar em casos de “cabos eleitorais”
contratados para roubar ou destruir a propaganda de adversários
políticos. O resultado era sujeira nas ruas e estorvo para os eleitores.
Filiação partidária:
As mudanças promovidas nas regras eleitorais estabeleceram uma nova data
mínima de filiação partidária para quem quiser disputar um mandato: em
vez de um ano, como ocorreu até 2014, agora bastam seis meses de vínculo
com uma legenda. Em 2016, quem for disputar as eleições terá até 2 de
abril para escolher por qual sigla será candidato. Esse novo prazo veio
associado a uma “janela de transferências” criadas pelos políticos para
driblar a regra da fidelidade partidária: deputados federais ou
estaduais e vereadores podem mudar de legenda sem risco de perder o
mandato no sétimo mês anterior à votação (30 dias anteriores ao prazo
mínimo de filiação a uma sigla).
Convenções partidárias:
As mudanças no calendário eleitoral afetaram também as datas para os
partidos decidirem quem vão lançar como candidatos e com quais outras
legendas vão fazer coligações. As convenções partidárias devem ser
realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto. O prazo antigo determinava
que as reuniões ocorressem de 10 a 30 de junho do ano da eleição.
Registro de candidatos:
O prazo para registro de candidatos pelos partidos políticos e
coligações nos cartórios deve ocorrer agora até as 19h de 15 de agosto
de 2016. Antes, a regra determinava que o prazo terminava às 19h de 5 de
julho.
Fonte: Marcos Dantas
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