O cantor e compositor paraibano Chico César passou
seis anos imerso na política antes de entrar no que chama de "Estado de
Poesia", nome de seu primeiro disco em sete anos, lançado neste mês
pelo projeto Natura Musical. Foi presidente da Fundação Cultural de João
Pessoa em 2009 e Secretário de Cultura do estado da Paraíba em 2010, no
governo de Ricardo Coutinho (PSB). Saiu enfraquecido, segundo os
críticos, principalmente depois de disparar contra o que chamou de
"bandas de forró de plástico".
A política, no fim, não saiu de seu radar e norteou a conversa com o UOL em
sua casa, em São Paulo. Para Chico, a corrupção é uma prática inerente
ao sistema, inclusive no meio artístico. "Há uma associação entre
empresários de bandas, secretários de cultura, mulheres de prefeito. É
uma clientela", diz ele.
Em
contrapartida, se diz otimista: "A política é uma atividade muito
nobre. Não acho que seja o esgoto da sociedade". Ao relembrar da série
"Sex and the City", que adorava assistir na TV, diz que a classe média
vai precisar ser menos consumista no futuro, e sentencia: "Acho
inevitável a volta de Lula".
Em
sua volta à São Paulo, no início do ano, Chico se cercou de jovens
músicos de sua terra natal e se abriu para o amor no retorno ao estúdio.
Na primeira parte do disco, o sentimento tem nome: a paraibana Bárbara
Santos, paixão à primeira vista. É para ela canções como "Caracajus",
escrita quando Chico estava em Caracas, onde cantou no velório de Hugo
Chávez, e Bárbara em Aracaju. Os versos são apaixonados -- e sensuais:
"A fruta de seus lábios / a alma saindo pela boca / os lábios de sua
fruta calma / derramando em calda a polpa".
No
lado B, pulsa outro tipo de amor: social e político. Há canções sobre a
negação do racismo em "Negão", opressão aos gays em "Alberto" e a
história de dois mendigos que são expulsos de uma praça perto da sua
casa em "No Sumaré", bairro paulistano onde mora desde que estourou com
"Mama África", em 1996.
O disco se encerra em tom épico, com a dylanesca "Reis do Agronegócio". Convidado por indígenas, que ocuparam o Congresso Nacional no Dia do Índio deste ano, subiu em plenário e, tal qual um trovador, cantou os versos sobre o "agrebiz feroz, desenvolvimentista", com dedos apontados ao "ruralista cujo clã é um grande clube, inclui até quem é racista e homofóbico".
O disco se encerra em tom épico, com a dylanesca "Reis do Agronegócio". Convidado por indígenas, que ocuparam o Congresso Nacional no Dia do Índio deste ano, subiu em plenário e, tal qual um trovador, cantou os versos sobre o "agrebiz feroz, desenvolvimentista", com dedos apontados ao "ruralista cujo clã é um grande clube, inclui até quem é racista e homofóbico".
"A política é uma atividade muito nobre. Não acho que seja o esgoto da sociedade". "Acho inevitável a volta de Lula", acredita Chico César
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