Inseto é geneticamente modificado para não deixar descendentes; testes realizados na Bahia mostraram bons resultados; liberação comercial é a primeira para esse tipo de produto no mundo.
A Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou hoje o pedido de liberação
comercial de mosquitos transgênicos contra a dengue, desenvolvidos por
uma empresa britânica, chamada Oxitec. Os mosquitos são geneticamente
modificados para serem estéreis, de modo que, ao copularem com as fêmeas
de Aedes aegypti na natureza, bloqueiam a reprodução da espécie. Testes
realizados em dois bairros da cidade de Juazeiro, na Bahia, resultaram
em uma redução de até 90% do número de insetos transmissores da dengue
nessas localidades.
A decisão da CTNBio, por 16 votos a 1, atesta
que os mosquitos transgênicos são seguros, tanto para a saúde humana
quanto para o meio ambiente, autorizando a empresa a buscar o registro
comercial para colocá-los no mercado -- o que deverá ocorrer nos
próximos meses. A Oxitec já tem uma fábrica pronta para entrar em
operação em Campinas, com capacidade para produzir 2 milhões de
mosquitos transgênicos por semana, além de uma parceria com a empresa
brasileira Moscamed, com sede em Juazeiro, que produziu os mosquitos
para os testes de campo na Bahia.
"Estamos muito satisfeitos com a
aprovação", disse ao Estado o diretor global de desenvolvimento de
negócios da Oxitec, Glen Slade. "Vencemos uma etapa fundamental, mas é
só o início de um trabalho muito grande", completou ele, ressaltando que
ainda não está claro em qual ministério a empresa deverá solicitar o
registro de comercialização. Por ser o primeiro produto desse tipo
aprovado no País -- e no mundo --, não há um trâmite já estabelecido
para isso. O mais provável é que o processo passe pela Anvisa.
"Seja
como for, a aprovação pela CTNBio significa que devemos continuar a
investir no Brasil", observa Slade. O objetivo da empresa é ter várias
fábricas de mosquitos espalhadas pelo País, para atender a demandas
localizadas com mais eficiência. Os mosquitos são frágeis e não podem
viajar longas distâncias, por isso é importante que as fábricas estejam
próximas das cidades que eventualmente serão atendidas pelo serviço. Continue lendo...
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