“Mesmo que não caia uma gota de chuva até o final do ano, não haverá
racionamento de energia em 2014”. A frase é de Dilma Rousseff. Foi
pronunciada nesta terça-feira (18). A presidente estava nas nuvens. A
bordo do avião presidencial, ela voava de Brasília para Teresina, no
Piauí. Para matar o tempo, conversava com um grupo de políticos e
ministros.
A certa altura, Dilma mostrou-se incomodada com o noticiário, apinhado
de menções ao risco de racionamento de energia elétrica no país. Além de
negar peremptoriamente a hipótese de vir a adotar a providência, ela
atribuiu a pregação ao que chamou de “torcida da oposição e da mídia”.
Coisa destinada a socorrer politicamente o governador tucano de São
Paulo, Geraldo Alckmin.
Para a presidente, o único racionamento que é certo como o nascer do sol
a cada manhã é o de água em São Paulo, não o de energia elétrica. Daí,
segundo ela, a vela acesa nas manchetes e a reza da oposição para que o
Planalto seja forçado a racionar energia, evitando que o Palácio dos
Bandeirantes se exponha sozinho às criticas e à irrisão de todos.
Ouviram as palavras de Dilma seis políticos. Nenhum deles se animou a
contestá-la. Participaram da conversa no avião presidencial dois
ministros: Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Pepe Vargas (Desenvolvimento
Agrário). Lá estavam também quatro senadores: o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), e os três membros da bancada do Piauí: Ciro
Nogueira (PP), Wellington Dias (PT) e João Vicente Claudino (PTB).
Na última sexta-feira (14), num discurso para empresários, em Belo
Horizonte, o presidenciável tucano Aécio Neves dissera que, na prática, o
Brasil já raciona energia. “Já está havendo racionamento através do
aumento do preço de energia, que mais do que dobrou na última semana”,
afirmou, referindo-se ao valor que as distribuidoras pagam pelo
quilowatt no mercado livre.
Sem mencionar Aécio, Dilma também afirmou que, na prática, São Paulo já
raciona água. Uma alusão à estratégia do governo paulista de estimular a
economia oferecendo descontos na conta dos consumidores que moderarem a
vazão de suas torneiras. Lero vai, lero vem, a presidente fez um
vaticínio encharcado de mau agouro: na região de Campinas, disse ela, o
sistema de fornecimento de água entrará em “colapso”.
Curiosamente, enquanto Dilma viajava para o Piauí, Alckmin participava
de um evento da Sabesp, a companhia de abastecimento de água de São
Paulo. No encontro que manteve com os gavadores e as câmeras, o
governador descartou a hipótese de racionamento de água no sistema
Cantareira, responsável pelo abastecimento de 47% da região
metropolitana de São Paulo.
“Hoje, está totalmente descartada essa situação. Entendo que a
colaboração da população é crescente, declarou Alckmin, como que
pressentindo na orelha quente o que Dilma falara dele nas alturas.
Fonte: Josias de Souza
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