Marcelo (de costas) com o advogado Foto: Roberto Moreyra /
Agência O Globo
Um dos rapazes acusados de compartilhar as imagens da jovem
ferida e desacordada em redes sociais alegou que não sabia que se tratava de um
estupro de uma menor de idade. Marcelo Miranda da Cruz Corrêa, de 18 anos,
afirmou que, na noite de terça-feira, publicou uma foto. No dia seguinte, teve seu
perfil apagado e já recebia ameaças de mortes.
— Só entendi o que aconteceu quando vi o vídeo — afirmou o
rapaz, estudante do 3º ano do ensino médio e morador da Cidade de Deus.
Marcelo afirma que não conhece nenhum dos envolvidos e que recebeu a foto em um grupo de WhatsApp. Ele pode responder por divulgar conteúdo pornográfico com menor de idade. A pena pode chegar a seis anos de reclusão. O advogado do jovem, Igor Carvalho, afirmou que vai apresentar o rapaz nesta sexta-feira à polícia. Ele já teve a prisão preventiva pedida pela delegacia que investiga o caso.
— A minha ficha ainda não caiu. Aconteceu tudo tão rápido.
Fui ameaçado de morte porque as pessoas acharam que eu participei de um
estupro. Só botei isso inocentemente — defende-se: — A minha mãe acha isso tudo
repugnante, mas está me apoiando. Espero que as coisas se resolvam. Não quero
ser preso por uma coisa que eu não fiz. Não sabia que aquilo era um estupro e
que ela era menor.
Michel Brasil, de 18 anos, também teve a prisão pedida por
divulgar as imagens Foto: Reprodução
A imagem publicada por Marcelo mostra um homem a frente da jovem nua e desacordada. Segundo o “Jornal Nacional”, da TV Globo, quem aparece na imagem é Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos. Ele já teve a prisão preventiva pedida pela polícia, assim como Michel Brasil, de 18 anos, acusado de divulgar as imagens.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, a jovem aparece
nua e desacordada após uma sessão de estupro. Nas imagens, dois homens exibem a
vítima: “Essa aqui, mais de 30 engravidou. Entendeu ou não entendeu?”,
diz um dos homens na filmagem.
Os homens também exibem o órgão genital da jovem ainda
sagrando. “Olha como que tá (sic). Sangrando. Olha onde o trem passou. Onde o
trem bala passou de marreta”, diz o outro agressor, orgulhoso.
O caso ganhou repercussão pelo Twitter após os agressores
divulgarem as imagens na internet. Além do vídeo, há pelo menos uma foto de um
homem a frente do corpo nu da jovem. O perfil de um dos homens que postaram as
imagens foi apagado.
As investigações continuam em andamento na Delegacia de
Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). De acordo com a assessoria da
Polícia Civil, o delegado Alessandro Thiers pede ao cidadão que tenha qualquer
informação que possa auxiliar na identificação dos autores que entre em contato
pelo e-mail alessandrothiers@pcivil.rj.gov.br.
Depoimento
Em depoimento à polícia, segundo o site da revista “Veja”, a
menina foi para casa do namorado no sábado e acordou no dia seguinte “drogada e
nua”. Ela afirmou que havia 33 homens armados de pistolas e fuzis. Ainda de
acordo com o que ela contou na delegacia, a jovem vestiu algumas roupas
masculinas e pegou um táxi para casa. Dois dias depois, viu que o vídeo havia
sido divulgado na internet.
A vítima tem um filho de 3 anos. Ela afirmou no depoimento
que usa ecstasy, cheirinho da loló e lança perfume. A jovem ainda contou que
voltou à comunidade e reclamou com o “dono do tráfico” porque teve o celular
roubado. Ele teria dito que não encontrou o aparelho, mas ressarciria o
dinheiro e que “procuraria saber sobre o estupro porque ainda não tinha tomado
conhecimento”.
Fonte: Extra Globo
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