A
presidente Dilma Rousseff apontou nesta terça-feira 10, pela primeira
vez, de forma mais explícita, a questão de gênero como um dos motivos do
golpe contra a democracia brasileira.
“A
história ainda vai dizer quanto de preconceito contra a mulher, quando
de violência contra a mulher tem nesse processo de impeachment
golpista”, afirmou, durante discurso na cerimônia de abertura da 4ª
Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília.
“Nós
sabemos que um dos componentes desse processo tem como base o fato de eu
ser a primeira presidenta eleita pelo voto popular do Brasil, pelo fato
de eu ser mulher”, disse a presidente, no evento que reúne milhares de
mulheres de todo o País.
“Tenho de
honrar as mulheres do meu País, mostrando que somos capazes de resistir e
de enfrentar. Nossa força não está em sermos ferozes, raivosas, mas em
sermos lutadoras, guerreiras e extremamente sensíveis, capazes de amar”,
acrescentou Dilma, em seu discurso.
Durante
sua fala, Dilma foi interrompida várias vezes, sob aplausos. “Vou lutar
com todas as forças e quero dizer a vocês que, para mim, o último dia do
meu mandato é 31 de dezembro de 2018″. “Eu não estou cansada de lutar,
estou cansada, e o Brasil também, dos desleais e dos traidores”,
afirmou.
A
presidente também fez uma fala contra o preconceito, e disse que “os
golpistas perseguem os que lutam contra o preconceito”. “Eu fui eleita
com a força de vocês para garantir os programas sociais”, afirmou.
Sobre
renúncia, assegurou que jamais pensou nisso e destacou que vai lugar
contra o impeachment com todas as forças e em todas as instâncias.
“Queriam que eu renunciasse, mas jamais passou a renúncia pela minha
cabeça. A renúncia passa pela cabeça deles, não pela minha”, disse.
Leia mais na reportagem da Agência Brasil:
Dilma diz que é figura incômoda e que não está “cansada de lutar”
Paulo
Victor Chagas – Há um dia da votação do Senado que deve decidir se será
afastada, a presidenta Dilma Rousseff disse que é uma “figura incômoda”
mas que vai se manter de “cabeça erguida” e que lutará com todas as suas
forças para que o seu mandato termine somente no dia 31 de dezembro de
2018.
Dilma
recorreu à “história” para dizer que sofre um processo de impeachment
que classificou de “golpe”, e revelou que, mesmo se afastada, vai
participar de eventos para os quais for convidada e disse que não está
cansada de lutar.
“Eu sou
uma figura incômoda. Eu me mantenho de pé, de cabeça erguida, honrando
as mulheres. [Com isso], ficará claro que cometeram contra mim uma
inominável, uma enorme injustiça. Eu vou lutar com todas minhas forças
usando todos os meios disponíveis e legais de luta. Vou participar de
todos atos e ações que me chamarem”, disse, ao participar de evento de
movimentos defensores dos direitos das mulheres em Brasília.
A
presidenta voltou a dizer que não vai renunciar e que essa hipótese
“jamais” passou pela sua cabeça. “A renúncia passa pela cabeça deles,
não pela minha”. Ao dizer que é preciso “dar nome aos bois”, Dilma
mencionou o nome do presidente da Câmara afastado, deputado Eduardo
Cunha, e citou o vice-presidente Michel Temer como os que
“proporcionaram ao país essa espécie de golpe feito não com armas e
baionetas, mas rasgando nossa Constituição”. “Eu não estou cansada de
lutar. Estou cansada é dos desleais e dos traidores”, disse.
De acordo
com a presidenta, os que propõem a sua renúncia querem evitar “de todas
as formas” que ela continue denunciando o que tem classificado como
golpe. “Para mim é um momento decisivo para a democracia brasileira que
estamos vivendo hoje. Sem dúvida estamos num momento em que a gente
sente que estamos fazendo a história desse país. A história ainda vai
dizer o quanto de violência contra a mulher, de preconceito contra
mulher tem nesse processo de impeachment golpista”, disse, acrescentando
que um dos componentes do processo decorre do fato de ser a primeira
presidenta eleita pelo voto popular.
A
presidenta discursou durante a abertura 4ª Conferência Nacional de
Políticas para as Mulheres, na capital federal. O evento reuniu milhares
de delegadas de todas as regiões do país para discutir políticas
públicas voltadas a garantir mais direitos e participação às mulheres.
Quando chegou ao local, Dilma foi ovacionada pelas presentes e
permaneceu durante seis minutos abraçando as presentes no palco e
mandando beijos para a plateia. Antes do evento começar, elas cantaram
de mãos dadas e à capela, o Hino Nacional.
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