Primeiro
neurocientista negro a se tornar professor titular da Universidade de Columbia,
em Nova York (EUA), Carl Hart, 48, foi barrado na quinta-feira (27) na entrada
do hotel cinco estrelas onde se hospedaria e ministraria uma palestra a convite
do seminário do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), em São Paulo.
Resolvido
o imbróglio, Hart percebeu que era o único negro no auditório no qual falou
para advogados criminalistas e juízes. “Vocês deveriam ter vergonha disso”,
disse ele à plateia.
A
palestra de Hart no evento foi sobre como a guerra às drogas tem sido usada
para atingir certos grupos sociais mais vulneráveis, entre eles, jovens pobres
e negros, em lugares como o Brasil e os EUA.
Em
entrevista à Folha, Hart, que pesquisa drogas há 20 anos, disse que sua
percepção sobre o assunto mudou drasticamente quando começou a “olhar para quem
estava preso por crimes ligados às drogas nos EUA”.
“Apesar
de os negros serem menos da metade dos usuários de drogas nos EUA, eles compõem
muito mais da metade dos presos por causa de drogas. Um em cada três jovens
negros americanos serão presos pelo menos uma vez na vida por causa das leis de
drogas”, explicou. “Ou seja, a guerra às drogas tem sido usada para
marginalizar os pobres.”
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