Penitenciária Estadual de Parnamirim (Foto de arquivo: Divulgação/Polícia Militar do RN)
A
Coordenadoria de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte já
identificou pelo menos 15 presos considerados líderes de uma facção que
vem comandando a greve de fome iniciada nesta semana em oito unidades
prisionais do estado. Um dos detentos foi transferido na terça (2) e
outros 14 nesta quarta-feira (3) – todos escoltados do Presídio Rogério
Coutinho Madruga e da Penitenciária Estadual de Parnamirim, ambas na
Grande Natal, para a Cadeia Pública de Nova Cruz, a pouco mais de 100
quilômetros da capital. As transferências foram autorizadas pelo juízes
Henrique Baltazar, titular da Vara de Execuções Penais, e Cinthia
Cibele, da Comarca de Parnamirim, "principalmente em razão das ameaças
veladas contidas em cartas que chegaram ao conhecimento das autoridades
penitenciárias", afirma o magistrado.
“Outros presos ainda estão sendo identificados e também serão
transferidos nos próximos dias", disse o magistrado ao G1. Ainda segundo
Henrique Baltazar, os nomes dos detentos não foram divulgados por uma
questão de segurança.
Segundo a Coape, aproximadamente 2.500 apenados se recusam a receber
alimentação desde a manhã da segunda-feira (1). “As marmitas que eles
não recebem estão sendo redistribuídas, doadas ou devolvidas à empresa
fornecedora. Mesmo assim, muitas se estragaram”, explica Dinorá Simas,
diretora da Coape.
Nesta quarta, inclusive, a maioria dos presos de Alcaçuz – a maior
unidade prisional do estado – se recusou a receber visitas íntimas. As
visitas das mulheres acontecem sempre às quartas-feiras. Numa situação
normal, aproximadamente 200 entram para ter momentos reservados com seus
companheiros e maridos. “Menos de 10 mulheres estiveram aqui hoje. E
todas elas para o pavilhão 3, onde os presos são independentes da facção
e não aderiram à greve de fome”, afirmou Ivo Freire, diretor da
unidade. “De alguma forma, as demais souberam que não seriam recebidas
pelos presos e sequer vieram pra cá”, acrescentou. “Em momento algum
proibimos as visitas íntimas. Foram os próprios presos que se recusaram a
receber suas esposas”, complementou Dinorá.
A
Coape informa que ainda não recebeu nenhuma pauta de reivindicações que
explique a razão de os presos estarem se recusando a comer, e que não
vai comentar o conteúdo de qualquer carta que tenha sido produzida por
presos.
A greve de fome
Detentos
de oito unidades prisionais do estado estão em greve de fome desde o
início da semana. Segundo levantamento feito pelo G1, com base nos dados
repassados pela própria Coape e diretores dos presídios, estão em greve
de fome os presos da Cadeia Pública e da Penitenciária Agrícola Dr.
Mário Negócio, em Mossoró; Penitenciária Estadual de Alcaçuz e Presídio
Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta; Penitenciária Estadual de
Parnamirim (PEP); Cadeia Pública de Natal; Penitenciária Estadual do
Seridó, em Caicó; e Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ceará-Mirim.
Juntas, as unidades possuem cerca de 2.500 apenados.
Baltazar contou também que, nesta quarta-feira, cerca de 150 presos do
Presídio Rogério Coutinho Madruga, anexo de Alcaçuz, aceitaram
alimentação, “demonstrando que a greve de fome está terminando”, disse.
“No início da semana havia muita comida que foi levada pelos familiares
no fim de semana. A maior parte já foi consumida nestes dias, o que
também pode estar sendo um dos fatores a diminuir a força da mobilização
dos presos”, ressaltou o juiz.
Entretanto, Baltazar revelou que alguns presos foram surpreendidos pela
movimentação dos colegas e realmente passaram fome. “Alguns até
desmaiaram nos pavilhões. Mas, ao serem socorridos, foram os primeiros a
aceitar os alimentos oferecidos pelo sistema prisional. E muitos outros
acompanharam", afirmou.
Fonte: G1/RN